Ainda em 2019, dois amigos tomavam café e estudavam juntos sobre o conceito de “discurso” na teoria lacaniana; parceiros de alguns anos nos estudos psicanalíticos, estavam fazendo leituras dos seminários XIX e XX de Lacan e voltando a algumas construções teóricas do autor. Nesse cenário, discutiam também a possibilidade de poder fazer mais pelo acesso à Psicanálise no Brasil, que por vezes ainda parece tão elitizada. Tornar mais acessível alguns autores, alguns debates, algumas traduções; por aquela época, pensavam nesses termos, como inspiração para um projeto. Essa inspiração foi ganhando traços e se tornando uma proposta editorial.
Ao considerar uma linha editorial, enquanto estudavam a ideia de que o discurso faz laço, duas premissas surgiram ainda como uma tendência. A primeira, se fossem fazer acontecer essa proposta, por quem começar? Quem seria interessante de lançar no Brasil e como publicação inaugural de uma editora com essas características? Certamente, o início seria pela obra de alguém que lhes fizesse questão, que tivesse deixado marcas em suas formações. A segunda premissa, a de incluir discursos de outras áreas que se amarram e compõem a cultura, pois a psicanálise sempre foi um saber entre outros e, principalmente, não sem outros.
Naquele momento, o projeto ficou na gaveta, maturando. Os estudos de Lacan, tornaram-se um grupo de leitura até hoje em atividade. Após um tempo e uma pandemia, um dos amigos nomeou a Editora Discurso e iniciou sua concepção, um trabalho a partir de laços e para novos laços.