A invenção de Lacan e a nossa. O nó borromeano na prática psicanalítica
A invenção de Lacan e a nossa. O nó borromeano na prática psicanalítica
Como se usa o nó borromeano na prática psicanalítica? Para além de um interesse teórico, essa é uma inquietação que atravessa a formação do autor e que, por isso mesmo, ganha corpo em sua escrita. O texto não é um manual, tampouco uma explanação acadêmica de Lacan. É antes o testemunho de alguém que, ao cruzar a pesquisa em extensão com sua investigação como psicanalista, se viu atribuído da figura do pesquisante – condensação do pesquisador com o analisante – conceito proposto por Luciano Elia, que assina o prefácio do livro.
O fio condutor é a leitura de Lacan como pesquisador em ato. Do texto inaugural de 1953, “O simbólico, o imaginário e o real”, até os seminários do nó borromeano, na década de 1970, vê-se uma mesma insistência: a busca de uma forma que dê conta da prática sem reduzi-la a protocolos. O estilo de Lacan, lembra o autor, não é repetível; é convocatório. Por isso, o nó borromeano aparece não como modelo, mas como suporte de invenção. Ele não fecha, abre. Não explica, sustenta.
Se Lacan propõe o nó como sua invenção em resposta à obra freudiana, o que propomos a partir de sua leitura? Esse livro nos coloca diante dessa responsabilidade, depois de percorrer o desdobramento de Lacan sobre o tema. Não se trata de repeti-lo, mas de assumir a lógica que ele nos legou: a de que cada analista precisa “fazer seu nó”, colocar “algo de si”. Para isso, o autor percorre os contemporâneos que empregaram essa teoria para produzir novas formulações, extraindo dessa articulação entre a obra lacaniana e produções atuais, a proposição de seis usos para o nó borromeano.
O valor do livro está em transformar um tema árido, a formalização borromeana, em questão viva para a clínica. Ele não se limita a citar teses lacanianas, mas aposta na sua atualidade, forçando-nos a reler o campo e a nos reler nele. Em outras palavras: o nó borromeano é tomado não como relíquia sagrada, mas como recurso metodológico para pensar, intervir e escrever a psicanálise hoje.
*Em pré-venda (*envios a partir de novembro)